Vivência “Chapada do Araripe”


Aos conhecermos as histórias dos homens Kariris encontramos um solo de profundas memórias, registradas pelo tempo e consagradas no santuário a céu aberto que é a Chapada do Araripe.
A cultura, as cores e a fé de um povo que expressa o seu saber na vivência. Mestres e Mestras da vida, seja nas esculturas de Mestre Noza, na arte do Couro de Espedito Seleiro ou nos encantos do Reisado de Máscaras de Mestre Antônio, um povo que parece vir de um lugar encantado.
Terra de Gigantes é a Vivência Chapada do araripe com Ronaldo Fraga e os irmãos Pablo e Thiago Buriti do Visu no relicário da cultura popular do Brasil.
Crédito e texto: @que_visu

Mais uma vez fomos apresentados ao Cariri pelos irmãos Buriti, Pablo e Thiago, acompanhado do estilista Ronaldo Fraga.

Um mergulho na cultura de Juazeiro do Norte:
No centro do sertão do Cariri Cearense Juazeiro do Norte é o lugar onde a atmosfera pulsa a história de um povo que expressa sua linguagem nos percalços da esperança proporcionada pelo Padrinho Cícero Romão Batista. A cultura popular que atravessa gerações, os cânticos, as danças, a devoção nos altares nas salas das casas, as oficinas nos quintais, trabalho e fé.
Crédito e texto: @que_visu

Rendeiras de Santa do Cariri – Ceará: um grupo de mulheres que perpetua os saberes da terra através da dádiva e habilidade de serem artesãs. Com um olhar atento e minucioso à tecelagem de renda de bilro, de forma manual onde fios têxteis são entrelaçados sobre um pique, utilizando alfinetes e bilros (pequenas hastes de madeira) para criar desenhos complexos.






O “Mirante Cruzeiro de Caldas – Centro de Referência Ambiental e Cultural da Chapada do Araripe” se compõe como um complexo ambiental inserido em duas unidades de conservação, localizado na cidade de Barbalha – Ceará, que nasce no intuito de possibilitar a realização de um percurso ecológico, religioso, histórico, patrimonial e cultural, envolvendo ações voltadas para o ecoturismo e a preservação. O Borboletário do Cariri é um dos espaços que compõem o Complexo Ambiental Mirante do Caldas e tem um papel imprescindível na defesa da fauna da região. 🦋






Os Irmãos Aniceto: música que atravessa gerações
Mais do que uma banda, os Irmãos Aniceto são um elo vivo entre passado e presente. Fundada em 1815 no Crato, interior do Ceará, a tradicional Banda Cabaçal carrega em seus pífanos e tambores a memória de um Brasil profundo — feito de terra, trabalho, festa e resistência.
Os instrumentos, construídos manualmente com materiais da região, transformam elementos naturais em som e história. As melodias, muitas vezes nascidas no ritmo do campo e do cotidiano sertanejo, falam de uma vida simples, mas cheia de significado. A cada apresentação, o grupo reafirma suas raízes indígenas e sertanejas, preservando um saber que atravessa mais de dois séculos.
Reconhecida como Patrimônio Imemorial da Cultura do Crato, a banda já percorreu o Brasil e o mundo, levando consigo não apenas música, mas uma paisagem cultural inteira. Em tempos de modernidade acelerada, os Irmãos Aniceto nos lembram da beleza que existe na continuidade — no gesto passado de avô para neto, no som que ecoa de um tronco de madeira, na dança que se repete como celebração e resistência.













Encerrar é sempre difícil quando se atravessa um lugar com a alma inteira.
A Chapada do Araripe não é apenas uma paisagem: é um santuário vivo, onde o tempo não corre — ele ecoa. Nos cantos dos pífanos, no ritmo dos tambores, nas mãos que rendam, esculpem e celebram, encontramos a alma do Cariri, ancestral e presente, sagrada e cotidiana.
Cada passo por esse chão vermelho revelou mais que beleza. Revelou histórias entranhadas na pedra, na fé e na matéria viva do povo. Dos homens Kariris herdamos não apenas a terra, mas um senso profundo de pertencimento. Aqui, tudo tem voz: o barro, as árvores, os altares domésticos, os quintais transformados em oficinas, a dança mascarada que rompe o silêncio da noite.
Ver, ouvir e sentir os Irmãos Aniceto foi como abrir uma janela para o tempo: um Brasil que persiste, que pulsa com dignidade e encanto, onde o fazer artístico é gesto de resistência. No ofício das Rendeiras de Santa do Cariri, compreendi que o entrelaçar dos fios também é uma forma de oração — um diálogo entre mãos, memória e paisagem.
O Mirante Cruzeiro de Caldas, com seu horizonte aberto e presença silenciosa, nos lembrou da beleza de contemplar e da urgência de preservar. A borboleta, símbolo da transformação, ali dança leve sobre o tempo.
Nada disso teria sido possível sem o olhar generoso, sensível e poético dos irmãos Pablo e Thiago Buriti — guias de alma nesse relicário cultural. A eles, meu mais profundo agradecimento por nos conduzirem com cuidado e reverência por entre histórias, afetos e encantamentos. E a Ronaldo Fraga, que com seu traço e sua escuta transforma caminhos em narrativa, deixo minha gratidão pela presença inspiradora e pela ponte que construiu entre o Brasil profundo e o olhar criativo que amplia o mundo.
Levo comigo o que não se embala: o som dos pífanos, o cheiro da terra quente, o silêncio das casas, o brilho nos olhos de quem ensina com o corpo inteiro.
Essa vivência foi mais do que uma viagem. Foi uma travessia.
E toda travessia verdadeira deixa um pouco da gente lá…
E traz muito daquilo pra dentro da gente.
@fragaronaldo
@kantrafael
@pabloburiti1
@tburiti
@que_visu




