Exposição Petrit Halilaj
“Para um corvo e aos furacões que, de lugares desconhecidos, trazem de volta os cheiros de humanos apaixonados”
A primeira exposição aberta em Madrid, conta com o trabalho do artista nascido em Kosovo, no qual retrata em suas obras a história atual de seu país e as consequências das tensões políticas e socioculturais. Nossa colaboradora Natália Estima, esteve na exposição que aconteceu no Palácio de Cristal e nos contou todos detalhes vistos e sentidos, além de fotos incríveis que iremos compartilhar neste post, junto à história e manifesto artístico.
Esta foi a primeira exposição individual do artista na Espanha, conta com a abordagem da memória coletiva e aspectos de suas experiências pessoais, expressando a liberdade, identidade cultural e descobertas.
Organizado pelo Museu Reina Sofía, o manifesto artístico acontece a partir da ideia de se transformar o palácio em um ninho gigante de passarinhos. A expressividade da obra se dá através das flores gigantes, galhos, janelas abertas, áreas de alimentação para atrair os pássaros e o homem vestindo- se de corvo segurando um tronco. O artista tem como propósito simbolizar a transgressão dos limites do pensamento moderno entre sujeito e objeto, natureza e cultura.
Tudo aqui tem um significado importante. O espaço inspirado nas estruturas feitas pelos pássaros para atrair um companheiro, foi feito para simbolizar o amor, o lar e a identidade cultural.
“Eu queria conceber o Palácio de Cristal como um lugar para a celebração do amor” Halilaj.
As espécies de plantas trazidas foram: forsítia, palmeira, flor de cerejeira, papoula, cravo e lírio. O que mais me encantou foi saber que as flores foram escolhidas em referência à relação entre o artista Petrit e seu parceiro, também artista, Álvaro Urbano. Além da escolha conjunta, a execução também foi colaborativa entre eles, o que reforça mais ainda o simbolismo da construção do amor na exposição.
Outra história trazida pelo artista, foi uma lembrança familiar vinda de seu avô. A nomeada “História de um Abraço” é representada pelo homem de branco e cabeça de corvo que segura um tronco de madeira. Este símbolo se remete ao trabalho de seu avô no campo e à lembrança do nascimento do seu primeiro filho, no qual abraçou o tronco para expressar sua felicidade, sem demonstrar para a sociedade um sinal de “fraqueza” de acordo com as ideologias patriarcais da época.
Além da construção do amor e sua celebração, a obra também questiona os modos de vida da sociedade contemporânea que vive no antropocentrismo, onde o homem é o centro de tudo. Para ir contra este ideal, as flores gigantes e os ninhos trazem a noção de que somos pequenos dentro do universo e há outras vidas e seres também habitando o planeta.
fotografias @nataliaestima